quarta-feira, 6 de julho de 2016

Mini-entrevista com Joana Estrela



O que te levou a concorrer ao I Prémio Internacional de Serpa para Álbum Ilustrado?
Tinha este projeto feito há uns meses e andava a tentar publicá-lo, mas com pouco sucesso. Por isso o concurso veio em boa hora! Para ser sincera, não costumo concorrer a muitas coisas e já tive más experiências com concursos, por isso sou muito cuidadosa quando decido participar num. Houve três fatores que me fizeram sentir que valia a pena concorrer: primeiro, este concurso ser organizado por uma entidade pública, em cooperação com uma editora que eu já conhecia e de quem sigo o trabalho; segundo, o concurso não me obrigar a fazer ilustrações muito específicas que depois não ia poder usar para mais nada; e, por fim, não serem pedidas obras terminadas. Ou seja, o objetivo era ter uma proposta para um livro que depois iria ser trabalhado com a editora para melhorá-lo. Eu sabia que precisava desse feedback.

Que conselhos darias a um jovem ilustrador?
Bem, eu também sou uma jovem ilustradora... Acho que quando estás a estudar ou a começar a carreira e tens acesso à internet 24 horas por dia, é fácil cair na tentação de fazer scroll infinito no tumblr e desesperar porque “há tanta gente com talento no mundo que raio estou eu aqui a fazer?!”
Com o tempo tive de aprender a aceitar que, ainda que haja gente mais talentosa e mais inteligente que eu, nenhum deles pode fazer exatamente aquilo que eu faço. Que a minha voz é única, e isso para mim é razão suficiente para continuar.
Também ajuda sair de trás do computador e ir a conferências, a workshops, a festivais... Quando conheces os artistas que admiras em pessoa começas a perceber que aquilo que vês nos portfolios deles na internet é só a ponta de um icebergue de muito trabalho árduo e tentativas não tão bem sucedidas. Às vezes, perceber o caminho que se levou para chegar lá é mais interessante do que admirar só o resultado.

Como artista qual é o teu sonho?
Costumo dizer que é ser auto-suficiente! Mas isso não é bem um sonho como artista, mas mais o sonho como pessoa com contas para pagar... Sabes a sensação de quando voltas de uma viagem? Quando sentes que as coisas são um bocadinho diferentes por causa daquilo que viste e das experiências que passaste? E que, pelo menos durante uns tempos, vais reparar em certos pormenores do teu dia-a-dia de uma maneira nova e vais ter uma história engraçada para contar a um amigo? Como artista gostava que o meu trabalho tivesse o mesmo efeito nas pessoas.

(Entrevista conduzida por Paula Estorninho da Câmara Municipal de Serpa para o Boletim Informativo da cidade)


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