quinta-feira, 19 de março de 2009

Aconteceu no Paquistão


A história começa no dia em que Greg Mortensen, enfermeiro de profissão e alpinista de coração, se perde nas montanhas do Paquistão após uma tentativa falhada de escalar o K2, o segundo pico mais alto do mundo.

Exausto e desorientado, Mortensen vagueia pelas montanhas paquistanesas até avistar Korphe, uma pequena aldeia perdida no mapa, onde é recebido e ajudado pela população.
Enquanto recupera, Mortensen apercebe-se de que a aldeia é tão pobre que nem sequer há uma escola ou dinheiro para pagar a um professor. As cerca de 80 crianças de Korphe têm aulas ao ar livre, à chuva e ao sol, e Mortensen promete a si mesmo fazer alguma coisa para as ajudar.

São comuns, entre viajantes de países abastados, estas promessas... São ainda mais comuns os esquecimentos, mal se aterra em solo desenvolvido e se afunda o rabo num sofá bem confortável. Por isso é que esta história é diferente e merece ser contada: Mortensen não esqueceu a promessa e iniciou uma campanha de recolha de fundos para construir a escola de Korphe. Conseguiu o dinheiro, construiu-se a escola e a história até podia ter acabado aqui (e já não seria nada má). Acontece que Mortensen se entusiasmou com a filantropia e, depois desta escola, seguiram-se muitas outras, até serem hoje cerca de 80, erguidas entre o Afeganistão e o Paquistão e contribuindo para a educação de 28.000 crianças (entre elas 18.000 raparigas que nunca tinham ido à escola).

Mortensen contou a sua história num livro "para adultos" a que chamou "Three cups of tea". Não é o meu género de livro, i must say. Mas este "Listen to the wind" que faz a adaptação desta mesma história para crianças, chamou a minha atenção.
Apesar do grafismo duvidoso, que contamina o belo trabalho de ilustração de Susan L. Roth, a história é bonita e encerra uma bela lição.
A crítica aos livros de Mortensen (versão para adultos, jovens e crianças) está agora disponível no site do NYTimes (onde se contam também mais pormenores sobre esta história).
Já agora aproveitem para reparar como é uma crítica completa, mostrando os aspectos positivos e negativos das várias versões, o que funciona e o que não funciona, o que até podia ser uma boa ideia e se torna excessivo. Gostei de ler.

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